A Escolha da Neurose e a Escolha de uma Análise

por Sérgio Laia

Psicanalista
Analista Membro da Escola (AME)
pela Escola Brasileira de Psicanálise (EBP)
e Associação Mundial de Psicanálise (AMP)
Diretor Geral da Escola Brasileira de
Psicanálise – Seção MG (EBP-MG)
e-mail: laia.bhe@terra.com.br

Freud (1913/2010, p. 325) abordou a “escolha da neurose” como um “problema” que convocaria a psicanálise a responder “por que um indivíduo adoece de uma neurose”, por que esta última se apresentaria a alguém como uma escolha. Aproximo essa referência à escolha e ao que Lacan (1946/1966, p. 177), bem mais tarde, chamará de “insondável decisão do ser”, aquela em que cada um “compreende ou desconhece sua liberação, nessa armadilha do destino que o engana quanto a uma liberdade que de modo algum conquistou”, isto é “a lei de nosso devir, tal como a exprime a fórmula antiga: Genoi, oíos essí [Que te tornes tal qual és]**”.

Certamente, essa escolha não é uma decisão consciente e, nesse contexto, vale lembrar que essa “fórmula”, Que te tornes tal qual és, é de Píndaro e foi retomada por Nietzsche (1888/1995, p. 48) como “uma oposição à mais conhecida frase grega inscrita no frontão do templo de Apolo em Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”.[1] Pautando-se por essa oposição, Nietzsche (1888/1995, p. 48) – além de soar-me lacaniano ao definir a célebre recomendação de conhecer-se a si mesmo como “mal entender-se” – não concebe a “fórmula” Que te tornes tal qual és*** como um processo de conscientização, permitindo-me não assimilar a escolha da neurose a uma decisão consciente e concebê-la como uma das vertentes tomadas pela “insondável decisão do ser”. Sauvignac (2023, p. 12) explicita que a máxima de Píndaro se encontra nas Odes chamadas de Píticas, dedicadas aos vencedores dos concursos pan-helênicos de Delfos, onde se encontrava o santuário de Pytho, em honra de Apolo e, portanto, do mesmo local dedicado a Apolo, derivou-se tanto a “fórmula” que Lacan e Nietzsche valorizam, quanto aquela, mais conhecida e citada, contra a qual Nietzsche se coloca. Nós, psicanalistas da orientação lacaniana, podemos ler tal oposição como uma sensibilidade de Nietzsche (1888/1995, p. 48) à opacidade do gozo do sintoma: “que alguém se torne o que é pressupõe que não suspeite sequer remotamente o que é”. Ao longo de uma análise, eu diria que essa ausência de suspeição quanto a quem se é vai ser abalada e poder-se-á passar a saber do sintoma com o qual uma parceria é mantida, que acompanha cada um ao longo da existência, mas sem que daí se deslinde qualquer progresso em termos de um conhecimento (inclusive à la frontão do templo de Apolo) de si mesmo.

 

Um “problema mais específico” e a escolha entre loucura e debilidade mental

Freud (1913/2010, p. 325) também ressalta que a resposta ao “problema” de como alguém se torna neurótico seria alcançada apenas a partir da resolução de um “problema mais específico” de se saber por que há escolha de uma neurose, e não de outra. Assim, seria preciso descobrir, primeiro, como se daria a escolha por um tipo de neurose para que, a partir daí, o padecimento da neurose se esclarecesse. Ao intitular seu texto “A predisposição à neurose obsessiva”, dedicando-o em grande parte a essa neurose, e, ao final, concluindo que “seria prematuro iniciar… a discussão dos problemas da predisposição histérica”, Freud (1913/2010, p. 325 e 337) pode nos levar a concluir que o “problema mais específico” seria o da escolha entre a histeria e a neurose obsessiva. No entanto, a concepção freudiana das psiconeuroses não corresponde ponto a ponto ao que, especialmente a partir da psicanálise lacaniana, diferenciando-as sobretudo das “psicoses”, concebemos como “neuroses”, porque, para Freud (1913/2010, p. 326), “as principais formas das psiconeuroses” seriam “histeria, neurose obsessiva, paranoia, dementia praecox”. Ora, ao listar essas duas últimas (que chamamos de psicoses) junto com as duas primeiras (para nós, neuroses), Freud – mesmo sem nem sempre ter se valido da diferenciação diagnóstico-estrutural efetivada pela clínica lacaniana – me permite também aproximar o “problema” da “escolha da neurose” e o que Lacan (1976-1977/1977-1979, p. 9),[2] em um de seus últimos Seminários, formulou nos seguintes termos: “entre loucura e debilidade mental, nós temos apenas a escolha”.

Por algum tempo, tendi a conceber essa escolha como aquela pela qual um sujeito se decidiria, de forma exclusiva, pela psicose (especificação do que é mais amplamente chamado de “loucura”) ou pela neurose (que, por suas restrições ao saber, eu então aproximava da noção lacaniana de “debilidade mental”). No entanto, acabei por verificar que as concepções lacanianas de loucura e de debilidade mental não correspondem respectiva e exclusivamente às psicoses e às neuroses. Assim, é pertinente afirmar que tanto neuróticos, quanto psicóticos, podem ser loucos e assolados pela debilidade mental, mas não da mesma forma, e cada um a seu modo.

Ao longo dos últimos dois anos, as Escolas reunidas pela Associação Mundial de Psicanálise (AMP) puderam trabalhar com afinco o aforismo lacaniano que serviu de título ao nosso último Congresso – “Todo mundo é louco” –, e nos foi possível esclarecer como cada um, em sua particularidade e independentemente da estrutura clínica que lhe concerne, é afetado pela “loucura”, na medida em que fala e crê no que não existe e, portanto, delira. Nesse contexto, muitos anos antes desse Congresso, Miller (1988, p. 192 e 193) já elucidava: “o delírio é universal porque os homens falam”, “porque há linguagem para eles”, de modo que “o significante”,  por sua “função de irrealização”, de não se associar propriamente a um referente, a uma coisa, faz o ato mesmo de falar tomar toda uma dimensão delirante. Nas psicoses, essa irrealização promovida pelo significante o atinge, fazendo as próprias palavras se apresentarem literalmente como coisas para aqueles que delas padecem e, nas neuroses, tal irrealização, como já indicava o primeiro Lacan (1953/1966, p. 319), faz com que “o símbolo se manifeste de início como assassinato da coisa”, enredando-as na trama significante do discurso do Outro.

Freud (1924/2016), alguns anos depois de seu texto sobre a “escolha da neurose” e já tendo formulado as instâncias nomeadas como Isso e Supereu, ou seja, quando pôde localizar as perturbações do Eu não apenas pelas diferenças entre os sistemas Consciente e Inconsciente, estabeleceu também uma diferenciação entre neuroses e psicoses que, a meu ver, é importante para o que procuro abordar aqui como a escolha da neurose. Nas neuroses, ao “não aceitar nem querer conduzir para a descarga motora uma moção pulsional poderosa do Isso ou lhe barrar o acesso ao objeto ao qual ela visa”, a defesa se dá pelo recalcamento e “o recalcado luta contra esse destino, cria, para si próprio – por caminhos sobre o qual o Eu não tem nenhum poder –, um substituto que se impõe ao Eu pela via do compromisso [Kompromisses]: o sintoma” (FREUD, 1924/2016, p. 272). Ao não ter qualquer poder quanto aos caminhos que, no entanto, segue, o neurótico, por sua própria conta, só pode mesmo, como ressaltava Nietzsche a propósito do apolíneo “conhece-te a ti mesmo”, mal entender-se, fracassar em saber e em tornar-se tal qual é, mesmo que o tempo todo, como é bem comum hoje em dia, um neurótico creia na importância de ser ele mesmo e de ser quem ele diz ser – essa crença é um do modos pelos quais podemos discernir a debilidade mental como escolha da neurose.

A dimensão débil da neurose me parece também passível de ser localizada quando Freud (1924/2016, p. 272) ressalta que o próprio sintoma, mesmo em sua função de estabelecer um compromisso, uma espécie de pacto para o neurótico defender-se das pulsões e do objeto em torno do qual a satisfação pulsional se dá, continua lhe sendo um “intruso” contra o qual, assolado pelo Supereu, o neurótico “prossegue na luta…, tal como o fez com a moção pulsional original” que lhe sobrevém, não menos incessantemente, do Isso. Por sua vez, nas psicoses, perante o que não tem como realizar-se, “o Eu recria autonomamente para si um novo mundo exterior e interior”, construindo esse “novo mundo… de acordo com as moções de desejo do Isso” (FREUD, 1924/2016, p. 273). Essa recriação psicótica de um mundo é ainda aproximada do que acontece, para todos, e não apenas para os psicóticos, nos sonhos, permitindo a Freud (1924/2016, p. 273) demarcar “o estreito parentesco” entre a psicose e o “sonho normal”, mas não sem fazer-nos a seguinte ressalva: “a condição do sonho é o estado de sono” – ou seja, os neuróticos dormem enquanto os psicóticos se apresentam, senão despertos, certamente em estado de sonambulismo, isto é, capazes de passarem à via do ato mesmo quando parecem adormecidos quanto à chamada “realidade”. A debilidade mental, em sua versão da escolha da neurose, tem a ver, portanto, com o sono que atravessa a existência dos neuróticos – sono que uma análise visa perturbar sem que, devido à pregnância da debilidade mental nas neuroses, jamais o dissipe completamente.

Ao conceber a debilidade mental  como “a impossibilidade de manter um discurso contra o qual não há objeção”, Lacan (1976-1977/1977-1979, p 14)[3] também permite-nos localizá-la tanto nos neuróticos, quanto nos psicóticos. Mas é bem diferente se, por uma decisão insondável do ser, a recusa de sofrer alguma objeção advenha, como acontece nas psicoses, da impossibilidade de manutenção de um discurso que lhes inexiste enquanto tal, isto é, não há propriamente um registro subjetivo do que lhes faria laço social e permitiria uma articulação transmissível das palavras e dos corpos ou se, por outra forma de a decisão insondável do ser apresentar-se, a impossibilidade de manter um discurso sem objeções for tributária de um esforço incessante, nos neuróticos, para se crer na consistência do discurso do Outro e, assim, fazê-lo perseverar em sua existência e proteger-se do sintoma como esse estranho que lhes é, ao mesmo tempo, um parceiro ao longo de suas vidas.

Procurando esclarecer um pouco mais a formulação de Lacan (1946/1966, p. 177) sobre a insondável decisão do ser e me valendo dos  seus próprios termos, eu diria que, com relação à “armadilha do destino” (e tomo o destino como um nome que os antigos davam ao Outro), o psicótico é aquele que “compreende… sua liberação” em relação a essa armadilha-destino, não admite  sofrer objeções quanto a essa liberdade, mesmo que ela o faça padecer da inexistência de um lugar para si no Outro; por sua vez, o neurótico, em sua escolha, “desconhece sua liberação” e se deixa alienar-se no discurso do Outro, caindo nessa armadilha na qual ele crer compor toda sua existência enquanto, na verdade, essa composição só acontece de modo parcial.

É ainda possível esclarecer um pouco mais como a debilidade, de forma diferente, afeta tanto a escolha da neurose, quanto a escolha da psicose, na medida em que Lacan (1946/1966, p. 177) afirma: a “armadilha do destino”, frente à qual o ser toma sua “decisão insondável”, também “o engana quanto a uma liberdade que ele de modo algum conquistou”. Nesse engano, leio a presença da debilidade. Assim, eu diria que um psicótico é enganado porque sua liberdade, embora alardeada por sua certeza delirante, não é uma conquista sua, mas consequência de sua condição de ser largado, de ter sido abandonado quanto à trama e, por que não dizer, à tramoia do Outro que, particularmente nas querelâncias, é alvo de denúncias e demandas de reparação infindáveis. Por sua vez, de modo mais contundente, o engano da escolha do neurótico, sua debilidade, é crer que sua liberdade não é conquistada devido à consistência que ele atribui à “armadilha do destino” que o captura, ou porque ela parece lhe advir, não sem engano, apenas como um resultado de seu protesto, de sua oposição a deixar-se cativar enquanto, no real de sua existência, palavras e imagens não deixam de fasciná-lo e impedi-lo de efetivamente conquistar, como sua, a liberdade.

 

A escolha de uma análise

Um analista, hoje, ao operar com as neuroses, vai se haver senão com a descrença, certamente com o tédio perante a possibilidade de um sentido advir do inconsciente, como retorno do recalcado, para elucidar, tal qual nos tempos de Freud, o que é esse estranho que se apresenta como parceiro na própria forma do sintoma perturbar neuroticamente a vida. Por isso, “no lugar do recalcado”, a análise passa a ser desafiada pela “verdade mentirosa do que Freud reconheceu como o recalque originário” (MILLER, 2016, p. 32). Essa forma primeira do recalque, mais do que com o sentido ou com a verdade inconscientes, tem a ver com a fixação (FREUD, 1915/2004, p. 179) pela qual um representante psíquico da pulsão se mantém inalterado, sem acesso, mas com uma força atratora concernente ao material recalcado, na medida em que a pulsão “permanecerá a ele enlaçada”. Logo, talvez não seja excessivo comparar o recalque originário à noção física de buraco negro que, por conter uma força de gravidade tão intensa, faz com que nada tenha energia suficiente para dele escapar e, portanto, torna-se localizável apenas pela ausência de retorno.

Assim, não é incomum, hoje, sermos procurados como analistas menos por uma constatação de que há algo que escapa ao saber dos que nos demandam tratamento, menos ainda pela presença inconsciente de suas lembranças infantis, e muito mais pelo incômodo diante do que lhes fixam em certos trajetos e satisfações dos quais não conseguem liberar-se. Não é que essas lembranças efetivamente inexistam ou não possam aparecer ao longo de uma análise. A dimensão débil da neurose em nossos dias se apresenta, sobretudo, como a constatação de uma fixação da qual os analisantes parecem não encontrar alguma saída e, menos ainda, uma liberdade. Afinal, como também já destacava Freud (1912/2021, p. 609), pela “fixação”, como “precursora e a condição de todo ‘recalcamento’, uma pulsão ou uma parte constitutiva de uma pulsão não acompanha o desenvolvimento normalmente previsto, permanecendo, em consequência dessa inibição do desenvolvimento, em um estágio mais infantil” que, por esse processo inibitório e fixado, me parece possível de ser qualificado também como débil.

Derivadas da fixação, essa debilidade, tanto quanto a loucura, me parecem ainda ressoar na concepção que Lacan (1976-1977/1977-1979, p. 7, 8 e 9)[4] faz do inconsciente como o que, “em suma, fala-se… completamente sozinho [tout seul]… porque não se diz jamais senão uma única e mesma coisa”, e, na medida em “nós nos falamos completamente sozinhos, até que surja o que chamamos de eu, embora não seja garantido que ele não possa, estritamente falando, delirar”.  Porém, Lacan (1976-1977/1977-1979, p. 7)[5] estabelece uma ressalva a esse solilóquio débil e delirante: é diferente quando, por uma espécie de furo nesse trajeto fechado, há abertura para se “dialogar com um psicanalista”. Afinal, um analista – diferente de quem se defende da impossibilidade de manter um discurso sem objeção e de quem se esforça para apresentar-se como um não-tolo – se vale de “um discurso no qual os semblantes obstringem um real, um real no qual se crê sem a ele aderir, um real que não tem sentido, indiferente ao sentido e que só pode ser aquilo que ele é” (MILLER, 2016, p. 31).

O discurso analítico é capaz de impressar, apertar, fortemente tal real sem a ele, pela debilidade ou pela loucura, aderir, porque a psicanálise “é o que faz de verdade [fait vrai]”, operando com os semblantes, ou seja, com essa nova forma de apresentação lacaniana do imaginário, por “um golpe [coup] de sentido” (LACAN, 1976-1977/1977-1979, p. 18).[6] Nesse termo golpe destaco, no discurso analítico, tanto um uso do sentido de forma fugaz e instantânea, quanto  uma supressão mesma do sentido, ou seja, sua anulação, e, por isso, Lacan (1976-77/1977-1979, p. 18)[7] vai destacar homofonicamente o semblant com que um analista opera em sua abordagem do real como sens-blant, ou seja, sentido-branco (sens-blanc), ou, para ressoar melhor em português, como dar branco no sentido.

A escolha de uma análise é uma escolha diversa daquela da neurose porque, nesse novo trajeto que se abre para o estado de satisfação das pulsões, um analista vai “dirigir um delírio” de maneira que a debilidade desse delírio “ceda à tapeação do real” (MILLER, 2016, p. 32). Com uma análise, a escolha de um neurótico poderá, enfim, conquistar a liberdade que ressoa na máxima poética de Píndaro, ou seja, frente à armadilha do destino, exaurindo a trama-tramoia do discurso Outro de modo a reduzi-lo “a seu real e liberá-lo do sentido” (MILLER, 2014, p. 31), promovendo um branco no sentido, conquista-se a liberdade, e não sem a presença ao mesmo tempo intrusa e parceira do sintoma, de tornar-se tal qual se é.

 

Referências:

BRIAN, M. Pindare et Parménide, poètes et penseurs: jeux des métaphores et effets pragmatiques. Dialogues d’histoire ancienne, v. 46, n. 2, 220, p. 75-104. Disponível em:

https://www.persee.fr/doc/dha_0755-7256_2020_num_46_2_4976

FREUD, S. O recalque. In: Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Vol. I, 2004, p. 175-193. (Trabalho original publicado em 1915).

FREUD, S. A predisposição à neurose obsessiva. Contribuição ao problema da escolha da neurose. In: Obras Completas: Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia (“o caso Schreber”), artigos sobre técnica e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, Vol. 10, 2010, p. 325-337. (Trabalho original publicado em 1913).

FREUD, S. Neurose e psicose. In: Neurose, psicose, perversão. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 271-278 (Trabalho original publicado em 1924).

FREUD, S. Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia (dementia paranoides) descrito com base em dados biográficos (Caso Schreber). In: Histórias clínicas: cinco casos paradigmáticos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica, 2021, p. 539-630. (Trabalho original publicado em 1912).

LACAN, J. Propos sur la causalité psychique. In: Écrits. Paris: Seuil, 1966, p. 151-193 (Trabalho originalmente proferido em 1946).LACAN, J. Le seminaire. Livre XXIV: L’insu qui se sait d’une-bévue s’aille à mourre. Ornicar?, Paris, n. 12-13, 1977, p. 7-23; n. 14, p. 4-9, 1978; n. 17-18, 1979, p. 7-23. (Trabalho original proferido em 1976-1977).

MILLER, J. -A. Clínica irônica. In: Matemas I. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1988, p. 190-200.

MILLER, J.-A. O real no século XXI. Apresentação do tema do IX Congresso da AMP. In: MACHADO, O.; RIBEIRO, V. A. (Org.). Scilicet: o real no século XXI. Belo Horizonte: Scriptum/Escola Brasileira de Psicanálise, 2014, p. 21-32.

MILLER, J.-A. O inconsciente e o corpo falante. In: Scilicet: O corpo falante – Sobre o inconsciente no século XXI. São Paulo: Escola Brasileira de Psicanálise, 2016, p. 19-32.

NIETZSCHE, F. Ecce homo. Como alguém se torna o que é. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (Trabalho originalmente redigido em 1888).
PINDAR. Olympian odes. Pythian odes. Edited and translated by William H. Race. Cambrigde and London: Havard Unversity Press, 1997, p. 119-241 (Loeb Classic Library).

PÍNDARO. Odas y fragmentos. Introduciones, traducción y notas de Alfonso Ortega. Madrid: Gredos, 1984, p. 141-153.

PINDARE. Oeuvres complètes. Paris: Belles Lettres, 2023.

SAUVIGNAC, J.-P. Préface. In: PINDARE. Oeuvres complètes. Paris: Belles Lettres, 2023, p. 9-40.

Notas:

** No escrito de Lacan, a “fórmula antiga” é do poeta Píndaro, extraída do verso 72 da 2ª Pítica e aparece citada em grego. Entre colchetes, agreguei-lhe uma tradução possível, graças a uma correspondência por e-mail realizada com Teodoro Rennó Assunção que, como é sempre de seu feitio, não só acolheu meu pedido de esclarecimento, como me ofereceu uma possibilidade de tradução para o português e me passou vários textos que comentam e traduzem tal máxima desse poeta grego. Dentre esses textos, que sem dúvida evidenciam a complexidade e nuances dessa “fórmula antiga”, extraio três outras versões possíveis: Become such as you are (“Torna-te tal como és”, tradução de William H. Race, cf. Pindar, 1997, p. 239); Puisses-toi devenir tel que tu es (“Que possas tornar-te tal como és”, tradução de Brian, 2020, p. 99); !Hazte el que eres!  (“Assume tal qual és”, tradução de Alfonso Ortega, cf. Píndaro, 1984, p. 152). Também encontrei, em uma frase que se estende um pouco mais do que a recortada por Lacan, a seguinte tradução de Sauvignac, na célebre coleção de Les Belles Lettres (Pindare, 2023, p. 137): Sois tel que tu sais être (“Sejas tal qual sabes ser”). Nesta nota, gostaria de deixar registrado, também, minha gratidão ao Teodoro, sempre generoso e preciso.

*** Em Nietzsche (1888), a máxima de Píndaro sofre uma alteração e aparece, inclusive no subtítulo mesmo de seu livro, assim:  como alguém se torna o que é. Brian (2020, p. 96-100), em uma parte de seu texto, comenta o uso que Nietzsche, entre outros autores, faz dessa passagem desse poeta grego.

[1] Em Ecce homo (NIETZSCHE, 1888/1995, p. 48), a máxima apolínea é citada em sua tradução latina: nosce te ipsum.

[2] Lição do dia 11/01/1977.

[3] Lição de 19/04/1977.

[4] Lição de 11/01/1977.

[5] Lição de 10/01/1977.

[6] Lição de 10/05/1977.

[7] Lição de 10/05/1977.

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