A mulher-borboleta: o infamiliar provém do imaginário

por Ana Lydia Santiago

Privilegiei a formulação inusitada do último ensino de Lacan (2007, p. 47), segundo a qual “o infamiliar, incontestavelmente, provém do imaginário”[1] e, ao mesmo tempo, visa o real. Trata-se de uma indicação presente em O Seminário, livro 23: o sinthoma, que assume uma importância decisiva para a questão do feminino sob a ótica da presença, nesse fenômeno do infamiliar, daquilo que “não pode ser dito”[2]  do “real que não fala” (MILLER, 2014, p. 235)[3]. É Lacan quem assinala que “o unheimlich permite que surja aquilo que, no mundo, não pode ser dito” e Miller, em seu curso O ultimissimo Lacan (2006-227) diz ser mportante indagar se a formulação de que o real não fala equivale à noção de indizível. O indizível supõe que o real tem o que falar, apenas não o diz.

Jacques-Alain Miller comenta – no Parlement de Montpellier – que a marca da orientação de Lacan no momento de sua última clínica é colocar o imaginário no centro[4]. Isso quer dizer que o imaginário, segundo a perspectiva borremeana, não é tomado de modo isolado e autônomo e, sim, enodado com as outras duas consistências, ao real e ao simbólico. O que interessa a Lacan é o que se designa como a “geometria dos nós”, uma geometria original que estabelece um espaço específico para a ocupação dessas três consistências e produz efeitos, entre os quais, a expulsão do infamiliar para fora do corpo. Destaca-se o modo como ele exprime essa expulsão por intermédio de um exorcismo que, como se sabe, designa um ritual religioso que visa esconjurar o demônio ou outros espíritos malignos. Afinal, por que falar de exorcismo do demoníaco com relação ao infamiliar? No caso do feminino, o infamiliar aproxima-se do demoníaco, pois uma certa configuração das três consistências tende a exorcizá-lo. Em Lacan, a experiência do estranho confirma esse exorcismo à medida que o infamiliar diz respeito a algo que dá forma ao modo de gozo feminino, ou seja, ele faz valer a vertente não-toda fálica de uma mulher (LACAN, 2005a, p. 98)[5], a vertente do mais além do falo concebido como resposta à castração. Em última instância, a inquietante estranheza no feminino aparece em relação com o que, em outras épocas, teve lugar sob o modo de estados de possessão a serem exorcizados[6]. Devem ser expulsos, pois são signos do que está para além do princípio ordenador do falo, algo que, de uma maneira ou de outra, organiza um modo de gozo familiar (LACAN, 2005a, p. 57)[7]. Além do mais, na articulação do imaginário com o corpo, esse estranho surge provocando uma inibição específica, uma paralisação pela angústia, que caracteriza o infamiliar e pode revelar a extimidade do inconsciente (LACAN, 2007, p. 47).

Para tentar elucidar essa formulação fundamental da clínica do infamiliar — segundo a qual a inquietante estranheza provém do imaginário —, é preciso, antes de tudo, esclarecer que há uma relação essencial da inquietante estranheza com o campo escópico, relação esta mediada pelo Outro mas que repercute no corpo falante. Em seguida, valendo-me de um breve fragmento clínico da literatura psicanalítica, procurarei demonstrar que a operação que nos interessa no tocante à clínica do infamiliar é a ultrapassagem do imaginário especular, que, ao tomar o Outro como totalidade, provoca inibições e defesas para o alcance do real em jogo no não-todo fálico próprio do feminino. Evidentemente que me refiro aos passos necessários aos avanços da experiência rumo ao final de análise para o sujeito feminino.

 

A imagem desejável de ser do sujeito no Outro

Lacan se vale dos mais diversos ângulos para aprofundar o exame da noção clínica do infamiliar (Unheimlich) referindo-se sempre como um fenômeno de familiaridade estranha. Antes de tudo, destaca-se, em seu comentário no curso de O Seminário, livro 10: a angústia, a preponderância da pulsão escópica na origem desse fenômeno. Isso vai ao encontro do que Freud apreende, no conto de Hoffmann intitulado “O Homem da Areia”[8], como a alegoria da areia jogada nos olhos das crianças que não querem dormir e que terão, por isso, seus olhos arrancados e levados pelo personagem malvado. Assim, ele relaciona esse fenômeno à angústia de castração, ao passo que Lacan busca isolar a ação do objeto da pulsão escópica no infamiliar. De acordo com esse ponto de vista, o infamiliar é vivenciado a partir de um encontro com o real que a experiência do olhar suscita pelo efeito de captura do desejo que se produz na relação do sujeito com o Outro. O que se destaca na leitura lacaniana é a imagem desejável de ser do sujeito no Outro: o sujeito acredita desejar porque se vê como desejado e não vê que aquilo que o Outro quer é lhe arrancar o olhar (LACAN, 2005b. p. 69) — fórmula que aponta para o valor libidinal do olho. Em termos mais precisos, Lacan afirma que:

 

(…) a cada vez que, subitamente, por algum incidente fomentado pelo Outro, sua imagem no Outro aparece para o sujeito como privada de seu olhar, toda a trama da cadeia da qual o sujeito é cativo na pulsão escópica se desfaz, e é o retorno à angústia mais básica. (Ibid.)

 

O fenômeno do infamiliar implica, portanto, a pulsão escópica e a experiência do corpo enquanto vítima de um logro concernente ao objeto do desejo e sua imagem no Outro. O que retorna como experiência do real que não fala, em que o sujeito tenta abordar o espaço do Outro, é a angústia.

Gostaria de sublinhar a concepção renovada da pulsão escópica que leva Lacan a considerar, por um lado, que “ao olhar se liga sempre um afeto de censura” e, por outro, que “ao olhar do Outro está sempre ligada uma estranheza” (MILLER, 2020, pp. 35-46). Conclui-se, portanto, que o olhar traz consigo e nutre os fenômenos de unheimlichkeit. O infamiliar implica a dimensão real do objeto olhar e decorre da tentativa do sujeito de se delimitar em relação ao Outro.

Esse “delimitar-se” no Outro ganha novos esclarecimentos em O Seminário, livro 20: mais, ainda, quando Lacan introduz o conceito de não-todo e as questões do sem limites e da infinitude como marca do gozo feminino. Evidentemente que a infinitude própria do gozo feminino se distingue do caráter fechado e limitado do gozo fálico. Aquilo que Lacan circunscreve, nesse seminário, como um espaço do gozo sexual, que tem uma estrutura comum para os dois sexos, é trabalhado buscando-se explicitar a maneira particular de cada ser sexuado falhar no encontro com o outro sexo. Deve-se considerar que, entre um sexo e outro, há o falo, mas há também a presença do Outro, não todo, ao qual falta algo S(Ⱥ).

O homem aborda esse espaço com o Um, ou seja, com o gozo fálico e também com o seu ser, gozo do corpo que passa pelo objeto a. A mulher aborda esse espaço com o não-toda e, como Outro, ela encontra uma dificuldade: ela fracassa, porque só encontra o Um. Lacan fala da desnaturalização da alteridade do sexo para a mulher, que só acede ao Outro por intermédio do homem. A tese de Lacan é que o homem serve de conector à mulher para ela aceder ao Outro que ela mesma o é para ele. Essa tese nos foi ilustrada de maneira bastante esclarecedora nos testemunhos de passe de Angelina Harari (2010), como o desnudamento do semblante fálico, em seu caso, o gozo clandestino que a deixava constrangida ao normativo fazendo existir a mulher toda para todohomem. A outra para si mesma, na histeria, consiste em deixar cair a Outra mulher. Porém cabe perguntar se esse “Outro para si mesma” coincide com a experiência do infamiliar. O conector funciona permitindo à histérica sair do solipsismo de si mesma para alcançar a singularidade do gozo feminino, visto que este não é sem relação com um certo consentimento da inquietante estranheza. Em O aturdito, Lacan afirma, ainda, que a mulher só tem um inconsciente no ponto onde ela é vista pelo homem, o que introduz o homem como um conector essencial até para o acesso ao inconsciente.

Há muitas maneiras de se defender desse real, tanto para o homem quanto para a mulher. Cada maneira é singular e constitui a escolha de um infinito particular. Para a mulher, a mascarada fálica, os diversos tipos de frigidez (que Lacan não considera sintoma) e as variadas formas de articulação entre desejo e amor são tipos de defesa simbolicamente comandadas para encobrir o real da não existência da relação sexual. Aquilo que o infamiliar faz aparecer é também um tipo de defesa, porém comandada pelo imaginário, sob a dominação do olhar.

Em seu texto “Diretrizes para um Congresso sobre a sexualidade feminina”, Lacan (1998. p. 741) diz que é possível mobilizar essas modalidades de defesa na transferência. Na análise, pode-se operar um desvelamento do Outro interessado na transferência. Tratar-se-ia de suspender o véu do que, para o sujeito, seria o Outro do amor, ao qual ele teve acesso na transferência, para que ele pudesse perceber a castração no Outro, que é o cerne do inconsciente. A castração no Outro, no inconsciente, é o familiar. Assim, Lacan explica que o infamiliar é o que está no lugar do familiar, servindo de véu para encobri-lo. Isso vai ao encontro com a afinidade que Freud estabelece entre o recalque e o infamiliar: seria “Unheimilich tudo que deveria permanecer secreto, oculto, mas que aparece”[9].

Em O Seminário, livro 23: o sinthoma, quando Lacan propõe uma nova escrita para o inconsciente — a escrita dos nós para o inconsciente real, em que se subtrai qualquer impacto de sentido ou de interpretação —, situa o infamiliar, a “inquietante estranheza, como o que, incontestavelmente, provém do imaginário”. O infamiliar se refere ao imaginário do corpo que a própria estruturação do inconsciente — a geometria dos nós — tem por função exorcizar. A concepção do imaginário borromeano presente nesse momento do ensino de Lacan se apresenta em contraposição ao imaginário especular. O imaginário borromeano é contíguo ao real e ocupa um espaço específico no enodar dos registros com seus efeitos. O imaginário especular é “um um fechado — miragem à qual se apega a referência ao psiquismo invólucro, uma espécie de duplo do organismo onde residiria essa falsa unidade”. Em oposição a esse imaginário autônomo, fechado no eixo a–a’, isolado no circuito da relação do eu ao outro, tem-se o imaginário real, em consonância com o que a experiência do inconsciente introduz “o um da fenda, do traço, da ruptura” (LACAN, 1979. p. 30). Podemos tomar, então, a emergência do fenômeno do infamiliar como o aparecimento, no campo visual, da forma que o imaginário especular incorporou velando o não-todo fálico.

 

O infamiliar ultrapassado, sob transferência

Para ilustrar esse aspecto, recorro a um fragmento de caso da literatura psicanalítica[10] de uma paciente que encontra o infamiliar angustiante na forma de um inseto — não um inseto repulsivo, uma mariposa medonha ou uma vespa que voa para dentro da roupa e pica, mas um borboleta maravilhosa, que gera o fascínio pela imagem.

A analisante, uma mulher, é descrita como alguém que leva a vida com leveza, não se abala com nada, nem mesmo com os fatos dramáticos da vida. Em sua experiência, portanto, não há praticamente nada de infamiliar. Isso reveste igualmente a forma como ela denega a morte e mostra uma certa indiferença em relação ao corpo, independentemente do que venha lhe afetar.

Essa analisante, que é atriz, em um determinado momento de sua vida, aceitou fazer o papel de uma mulher dilacerada cujo marido, um camponês simples, se deixou seduzir por uma jovem de imagem devassa e foi tomado por uma paixão tal, que culminou em sua separação. A filmagem aconteceu no campo. No momento de rodar a cena em que o marido lhe confessa sua fraqueza e sua culpa, ela se distrai completamente, atraída por uma borboleta deslumbrante que pousou perto de onde estava sentada. De repente, ela experimenta uma angústia violenta que a perturba tanto, a ponto de ser preciso interromper a gravação. A borboleta com asas amplamente abertas olhou para ela. A filmagem se transforma em um pesadelo.

Interessa à analista trabalhar esse momento em que uma imagem se destaca como algo de infamiliar, admitindo que esta imagem aponta para o real em jogo nos impasses de sua vida amorosa. A analisante lembra-se, então, das borboletas que via voando de flor em flor no jardim da fazenda da família, onde costumava passar parte de suas férias durante a infância. Ela tinha boas lembranças desse lugar, com exceção de uma aflição suscitada pela presença muda e olhar sinistro do avô inválido. Preferia fugir desse olhar e dessa presença indo brincar na casa dos vizinhos, que tinham um filho de sua idade. Esse vizinho – pai do menino – lhe apresentou os trabalhos no campo, os cuidados com os animais da fazenda e o prazer de rolar no feno. Mas, por trás disso tudo, havia uma lembrança enterrada. O vizinho, que gostava muito dela e frequentemente a levava em seu trator (ela se sentava muitíssimo perto dele e algumas vezes em seu colo), um belo dia, suavemente, mas com firmeza, abriu suas coxas para acariciá-la. Ela experimentou um prazer perturbador e, só depois, teve vergonha. Após ter deixado isso acontecer, ela nunca mais voltou a essa casa e ignorou o vizinho completamente. Alguns anos mais tarde, quando soube que ele morreu afogado em um lago perto da fazenda, foi tomada de pavor e se sentiu terrivelmente culpada. Culpada por tê-lo abandonado, sem um olhar e sem uma palavra.

O surgimento do acontecimento imprevisto promovido pela imagem da borboleta deslumbrante deve ser tomado como a emergência do infamiliar na imobilidade das asas abertas do inseto. Ela, que sempre se “deixava (levar)” nos encontros com o outro sexo, deixava acontecer, sem habitar seu corpo, pôde se dar conta de sua posição de gozo e parar de “borboletar” de um parceiro a outro sem se responsabilizar por isso. Ela terminou uma relação conjugal que sempre a protegeu da sexualidade e decidiu se engajar na via de uma feminilidade que, até então, era recusada.

Podemos nos perguntar: em que o infamiliar, que aparece nesse caso via a imagem da borboleta, desempenha um papel fundamental nessa responsabilização do sujeito por seu modo de gozo?

 

Conclusão

Esse fragmento de caso põe em evidência a postulação de Lacan destacada antes sobre a determinação do olhar em tudo o que alimenta o infamiliar. A presença da pulsão escópica no infamiliar é o que explica a tese de Lacan que esse fenômeno provém do imaginário, porém, do imaginário que se define pelo corpo. O olhar aparece incarnado sob a forma da borboleta e visa o real concernente à satisfação pulsional. A escolha da borboleta — escolha que o inseto faz de pousar ao seu lado — introduz a questão do desejo do Outro, como borboleta, aspirando ser diante dela.

Essa cena que provoca intensa angústia é capturada pelo olho negro da câmera que estava em ação durante a filmagem, que, sem dúvida, fornece um enquadre (simbólico) para o acontecimento do infamiliar, contudo, destaca-se a ausência de palavra: “o real que não fala”, esse real mudo. A angústia atesta a inquietante estranheza que congela e inibe o sujeito, situação que de alguma maneira a filmagem compõe e delimita. Na análise, a imobilidade do inseto e do sujeito afetado remete à presença muda do avô com seu olhar estranho. Na lembrança de infância da paciente, a criança desvia o olhar diante da estranheza do avô e do ato libidinoso do vizinho, evidenciando como o sujeito se encontra imobilizado, em todas essas circunstâncias, sob o domínio do olhar.

A angústia situada pelo sujeito na imobilidade perfeita das asas do inseto também evoca, o seu contrário: o movimento de abrir/fechar das asas reportando-se ao abrir/fechar das pernas, na cena sexual que vem à tona como lembrança. Assim, o infamiliar que aparece na borboleta pela via do imaginário escópico – a borboleta que olha, com suas asas abertas e imóveis – facilita o acesso ao mais além da imagem deslumbrante, desnudando e fazendo vacilar o semblante fálico, e, nesse sentido, evidenciando o real do não-todo. A borboleta é o signo que torna possível a esse sujeito se situar em relação aos impasses em sua vida amorosa. É nessa articulação que o imaginário do corpo constitui a chave de acesso à lembrança encobridora e ao inconsciente real: de um lado, abre acesso ao traumatismo do gozo; de outro, abre acesso sobre o significante borboleta, que, em última instância, é aquilo que o sujeito se faz para o Outro.

O infamiliar, portanto, como um efeito do imaginário, pode permitir ao sujeito feminino, em análise, ir além dos limites quase intransponíveis do semblante fálico. Esse fenômeno constitui, assim, uma das vias de acesso ao real inerente ao  não-todo fálico e favorece o tratamento que uma mulher pode dar ao ilimitado do gozo. Esse ilimitado do gozo que age sintomaticamente até que uma espécie de solução possa ser encontrada. No caso do final de análise, é preciso uma abertura do sujeito para tratar o infamiliar, consentindo com o real que advém de um encontro com a alteridade pura do feminino. É em função desta alteridade do feminino que o final de análise toma como referência esse unheimlich do feminino, podendo consentir com ele e, portanto, torna-se Outro para si mesma. Enfim, ser Outro para si mesma, que o não-todo implica, é uma das maneiras pelas quais, no final, o sujeito desvela a presença perturbadora e efêmera do infamiliar.

 

Referências

FREUD, Sigmund. [1919] “O estranho”. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago Editora, v. XVII.

HARARI, Angelina. “Parceiros no singular”. Opção Lacaniana. São Paulo: Edições Eolia, nº 58, out. 2010.

HOFFMANN, E. T. A. [1816] O Homem da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LACAN, Jacques. “Diretrizes para um Congresso sobre a sexualidade feminina” [1958]. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

LACAN, Jacques. [1962-1963] O Seminário, livro 10: a angústia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005a.

LACAN, Jacques. Introdução aos Nomes-do-Pai. In: Nomes-do-Pai. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 2005b.

LACAN, Jacques. [1964-1965] O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1979.

LACAN, Jacques. [1972-1973] O Seminário, livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1982.

LACAN, Jacques. [1975-1976] O Seminário, livro 23: o sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.

MILLER, Jacques-Alain. “À primeira vista, a estranheza”. Opção Lacaniana. São Paulo: Eolia, nº 82, abril de 2020.

MILLER, Jacques-Alain. [2006-2007] El ultimíssimo Lacan. Buenos Aires: Paidós, 2014.

[1] Cabe assinalar que, na versão brasileira dessa obra, encontra-se, na página citada, não o termo “infamiliar”, mas “inquietante estranheza”, opção dos tradutores. No presente artigo, utilizo ambos, privilegiando “infamiliar”, em consonância com a última tradução brasileira publicada pela editora Autêntica.

[2] Lacan assinala que o unheimlich permite que surja aquilo que, no mundo, não pode ser dito” (grifos do autor).

[3] É importante indagar se a formulação de que o real não fala equivale a noção do indizível. O indizível supõe admitir que o real tem o que falar, apenas não o diz.

[4] Conversação clínica em torno do Seminário 23. Parlement de l’UFORCA em Montpellier, ocorrido nos dias 21 e 22 de maio de 2011. Paris: 2020.

[5] LACAN, J. O seminário, livro 10: a angústia (1962-1963). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. p. 98. O status da letra a: se situa “acima do perfil do vaso que simboliza o continente narcísico da libido. Este pode ser relacionado com a imagem do próprio corpo, i'(a),  por intermédio do espelho do Outro, A.”

[6] Cf:  CERTEAU, M. 2005.

[7] LACAN, J. O seminário, livro 10: a angústia, Op, Cit. Lacan designa o familiar – Hein – como o menos-phi e precisa que a angústia está ligada a tudo que pode aparecer no lugar (-φ).

[8] Comentado por Freud em “O infamiliar”.

[9] Freud, valendo-se, como indica, da definição do filósofo alemão Schelling. Cf.: FREUD, S. “O Estranho” [1919].

[10] Esse caso foi objeto de discussão durante a conversação clínica da Union pour la Formation et Psychanalyse (UFORCA), durante o evento Parlement de l’UFORCA, em Montpellier (21 e 22/05/2011). A analista é membro da Associação Mundial de Psicanálise e optou, por discrição, não o publicar na íntegra. Contudo, autorizou sua apresentação no Brasil.

Para baixar o arquivo, abra o PDF em nova aba.