Caros colegas da EBP-MG,
Os primeiros ecos do intenso trabalho que se elabora em torno do tema da XXV Jornada da EBP-MG “Acontecimento de corpo: da contingência à escrita” começam a ressoar. Prevista para acontecer de modo online nos dias 19 e 20 de novembro, nossa Jornada inaugura um fecundo campo de investigação, a partir do qual poderemos cernir tanto os efeitos pulsantes que a contingência oferece ao corpo enquanto sede de um acontecimento imprevisto, como o esforço de poesia que se impõe aí como escrita por vir.
Em nosso cartaz estampam-se os coloridos nós de Sônia Gomes que dão corpo aos orifícios de uma estrutura vazada. Essa artista mineira nos conta em suas entrevistas que sua arte, além de fazer jus à cultura têxtil de sua cidade natal, germinou a partir de uma inquietação muito própria. Desde nova ela costumava usar o corpo como suporte da amarração dos retalhos e tecidos que vivia recortando para, de novo, costurar: não gostava de roupa nova comprada na loja, então as fazia em retalhos para remendar em novos formatos. Viravam colares, adornos, mantas. Anos mais tarde, já como aluna da Escola Guignard, como não conseguisse fazer qualquer desenho a partir de um modelo pronto, seu professor sugeriu que levasse para aula seus trapos. Foi assim, dispensando os reflexos do espelho do Outro, que ela pôde fazer de suas amarrações um acontecimento no campo da arte.
Deixamos então o convite, para que cada um, colocando em jogo seu ‘acontecimento de dizer’, possa fazer valer o que há de novo na clínica do falasser, acrescentando um ponto a essa tecitura de muitos.
Bem-vindos ao trabalho!
Laura Rubião
Diretora Geral da EBP-MG
LOM, LOM de base, LOM cahun corps et nan-na Kun
Apesar dos desencontros provocados pelas diferenças entre os idiomas, deixemos essa sentença em francês. Deixá-la como está, em sua edição original, é uma oportunidade, pois ela ecoa os caminhos que queremos percorrer em nossas XXV Jornadas da Seção Minas Gerais da EBP, Acontecimento de Corpo: da contingência à escrita.
Novidades no ar!
Abrindo os trabalhos da comissão de Bibliografia, tomamos dois recortes de textos de Lacan e Jacques-Alain Miller que esclarecem o que está em jogo no que se refere ao Acontecimento de Corpo
Por Fernanda Costa
Ecolalias
Vídeo
O Pulsar de Augusto de Campos, com música de Caetano Veloso
IMAGEM
Obra: Arthur Barreto Garrocho
Playlist
Transfigured Night for String Sextet, Op. 4Arnold Schoenberg
Lacan: o gosto pelos sons da surpresa
Sérgio de Mattos
Lacan se refere à música em diversos momentos de seus seminários, como podemos localizar nos seminários 2, 7, 8, 10, 12. Por duas vezes no seminário, livro 16, a música é considerada, junto à arquitetura, como arte suprema. Outras referências também podem ser encontradas nos seminários 18 e 24.
Segundo Judith Miller, seu pai sempre recorria a Diego Masson, quando tinha necessidade de alguma explicação se o assunto fosse música. Segundo Masson, após um concerto em Aix-en-Provence no qual foram tocados um concerto de Mozart e outro de Haydn, Lacan lhe havia dito:
“No fim das contas, Haydn é talvez ainda mais forte que Mozart! Há em Mozart sentimentos que podemos descrever com palavras, enquanto em Haydn, este, é totalmente abstrato, é como uma equação matemática, sem nenhum sentimento e, entretanto, produz um gozo extremo e é cheia de surpresas.
Lacan, la musique . Converse avec Judith Miller. In La Cause freudienne Navarin Èditeur. 2011/3 .n. 79. p. 58-66.